Germinar na Bio Brazil Fair

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nestlé: das experiências em animais ao trabalho infantil (II)

“Sabia que mais da metade do cacau consumido vem da África? Sabia que há plantações onde trabalham quase 300.000 crianças subjugadas pela influência das multinacionais e fora do comércio justo? Provavelmente já tenha ouvido alguma vez com certa incredulidade. Hoje vou contar o passado e o presente desta crueldade. De como algumas companhias, como a Nestlé, demoraram e adiaram sua responsabilidade nos acordos estabelecidos para solucionar a raiz do problema da escravidão nestas plantações”.
http://www.kurioso.es/2009/09/10/el-cacao-de-nestle-en-africa/

Nestlé: das experiências em animais ao trabalho infantil (I)

Há sangue em suas mãos

terça-feira, 23 de março de 2010

Andy Wahrol: O direito de dizer “não gostei”



Por Mazé Leite (*)

Foi inaugurada na Pinacoteca de São Paulo, neste 20 de março, uma exposição com 170 trabalhos do norte-americano Andy Wahrol. São pinturas, gravuras, fotografias, filmes e instalações de um dos ícones preferidos da mídia. E de uma certa categoria de gente (dessa gente que gosta de estar na onda da moda) que “ama de paixão” a arte contemporânea.
Mas... Quem foi Andy Wahrol?
Warhol nasceu em 1928, na Pensilvânia, EUA, e era o quarto filho de uma família de operários imigrantes, originários da Eslováquia, fronteira com a Polônia. Em 1945, com 17 anos de idade, entrou na, hoje, Universidade Carnegie Mellon, onde se graduou em Design. Logo depois, mudou-se para Nova Iorque onde começou a trabalhar como ilustrador de revistas como a Vogue e a New Yorker. Também fazia anúncios publicitários e dispositivos para vitrines de lojas. Como artista gráfico e diretor de arte, ganhou diversos prêmios. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1952, com quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote. E a partir daí começa a se construir o personagem Andy Wahrol.
No início dos anos 60, em plena Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética, os planos norte-americanos de transformar Nova Iorque num centro cultural já estava em pleno andamento. Jackson Pollock, De Kooning e Mark Rothko já eram figuras de proa no Expressionismo Abstrato daquele país, uma estética que representava – para os mandarins culturais ideológicos dos EUA – a ideologia da liberdade, da livre iniciativa e, sobretudo, anticomunista.
Foi nesse meio que o artista gráfico Andy Wahrol se formou e começou a construir a personagem Andy Wahrol.
Fui ver esta exposição, que se intitula muito apropriadamente “Mr. America”, em Buenos Aires, em dezembro passado, no MALBA. Foi no mínimo curioso ir ver uma exposição como esta, de Andy Wahrol, num museu que se chama de Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires e que ocupava três andares, sendo apenas um reservado para os realmente artistas latino-americanos. É a mesma exposição que passou pela Museu del Banco de Bogotá na Colômbia e que agora se inaugura aqui em São Paulo. Essa mostra traz uma boa parte do trabalho desse artista, o que é útil para aqueles que desejarem um conhecimento maior sobre ele. Ou para se juntar à trupe que o aplaude, ou para simplesmente confirmar, ao vivo, que ele realmente nada tinha a dizer que valesse a pena.
Ou melhor, tinha. Wahrol se formou no meio da publicidade e do design. Sua importância, enquanto artista deve-se ao fato de que soube, mais do que ninguém, fazer a aproximação máxima entre arte e capitalismo. Show man e show business em potencial – teve até um programa na MTV – Wahrol não tinha vergonha de assumir: “Sou uma pessoa profundamente superficial. As palavras enchem espaço. Prefiro encher a carteira”. Para ele o artista devia ser uma estrela, como as hollywoodianas, e todos deveriam perseguir seus “quinze minutos de fama”.
Logo no começo da mostra, entre os primeiros quadros, um que representa o Tio Sam, claro, pois a mostra se chama “Mr. America”. Seguem-se a ele, alguns auto-retratos com Wahrol fantasiado de dragqueen. E mais à frente, as famosas serigrafias e estêncils com a logomarca das Sopas Campbell, seguidos por colagens com notas de dólar, e fotografias da Estátua da Liberdade. Deparo-me com a seguinte frase, entre os quadros: “De nenhuma maneira trato de fazer uma crítica aos EUA e nem mostrar coisas feias”. Anotei esta frase no caderninho que me acompanha nas exposições, para não esquecer. Em seguida, passa-se por alguns quadros representando uma morte em cadeira elétrica, um acidente automobilístico e um suicídio – o máximo de “denúncia social” a que o artista se propôs. Mas diz logo em seguida: “Creio que minha arte representa os EUA, mas não faço crítica social: só pinto esses objetos em minhas obras porque são os que melhor conheço”.
Como bom publicitário, ele inaugurou a fase (que ainda dura e ninguém aguenta mais tanta variação sobre o mesmo tema) onde se usa uma marca, um objeto, um produto do mercado de consumo, tentando-se elevá-los ao status de obra de arte. Transformando tudo em produto, como é próprio do sistema capitalista, além das sopas Campbell, Andy Wahrol brincou com retratos, como o cansativamente reproduzido Marilyn Monroe, mas também com o de Mao Tse Tung e de Lenin. Por isso, quando vemos broches e camisetas do Che à venda em lojas de departamentos – o Che, o grande revolucionário latino-americano, anticapitalista e cuja face foi transformada em produto de grife – devemos isso ao grande inovador da publicidade-pop-arte-capitalista Andy Wahrol.
Porque para ele, acima de tudo, arte era um negócio e, no final da vida, também apenas assinava as serigrafias que sua equipe produzia como autêntica. Já estava em pleno funcionamento a sua indústria artística, que era ao mesmo tempo espetáculo. Assim como suas obras, Andy Wahrol se transformou também numa logomarca, numa virtualidade incorpórea. Ele era a própria americanização da arte tão desejada pelos autores norte-americanos da Guerra Fria, ou seja, uma forma nova de se fazer e pensar(?) a arte, com o artista e sua obra se transformando em um espetáculo ao qual todos podiam assistir em horário nobre. A imagem acima de tudo, mas uma imagem irreal. Quanto mais distante da realidade mais venerável.
Todos esses não são valores ainda muito atuais? Talvez seja por isso que Andy Wahrol tenha ainda uma legião de fãs entre uma maioria de desinformados, porque a marca, o produto de mídia “Andy Wahrol” ainda se multiplica e ainda vende. Ele mesmo, em várias de suas famosas tentativas de profetização, declarou que a “arte empresarial é o passo que vem depois da arte”. E acrescenta: “Depois que fiz a coisa chamada 'arte', ou seja lá como chamam, entrei na arte empresarial”, porque “ser bom nos negócios é o tipo mais fascinante de arte”. Nada mais próximo da receita atual de capitalismo e também do modelo de arte do mercado: pega-se um artista – ou um não-artista, melhor ainda se tiver um 'não' antes – e sua brilhante ideia, passa-se pela peneira da midia, transforma-se ambos em uma grande novidade, combina-se que aquela obra foi vendida por milhões de dólares (às vezes é real!), lança-se artista e produto no mercado de ações, assiste-se freneticamente ao subir de suas cotações nas Bolsas de Valores, atinge-se o clímax ao som das notas de dólares preenchendo as carteiras (né, Wahrol?) e, após o orgasmo, poucos sobram para continuarem em movimento de sobe-e-desce. Até vir o próximo.
Mas vale a pena ir ver Andy Wahrol na Estação Pinacoteca de São Paulo. Aliás, vale a pena ir ver exposições, sempre, sempre, sempre! Mesmo que o que se apresente aos nossos olhos não seja do nosso gosto. Sim! Porque nós PODEMOS dizer que não gostamos – se não gostamos – seja de Andy Warhol ou de Vik Muniz! Porque hoje em dia até mesmo o básico direito de torcer o nariz para os artistas endeusados pela midia e curadores (mercadores) de arte, é recebido como ignorância! “Andy Wahrol – dizem “eles” - era um artista rebelde, que via a sociedade com cinismo”, apesar de ter se dado muito bem com essa mesma sociedade! Mas prefiro ficar com o jornalista brasileiro Luciano Trigo, que diz que quem enxerga na obra de Warhol “uma crítica à sociedade de consumo não entendeu nada”.

(*) Artista plástica, membro do Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi, designer gráfica. Graduanda em Letras pela FFLCH-USP. Membro da coordenação da Seção Paulista da Fundação Maurício Grabois.


Publicado em http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=3028&id_coluna=74

segunda-feira, 22 de março de 2010

22 de março: Dia Internacional da Água


Declaração Universal dos Direitos da Água
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, ela é seiva do nosso planeta e condição essencial da vida na terra. Confira os artigos:
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.
Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

domingo, 21 de março de 2010

Método Evidengue mostra eficácia no controle da reprodução do Aedes aegypti


O modelo consiste em uma tela que, colocada em pratos e vasos de flores, impede a procriação do mosquito transmissor da dengue

Por Jamerson Costa

Em texto publicado no site do Sistema Integrado de Informação em Saúde do Rio Grande do Sul (SIS Saúde-RS), mantido por três instituições hospitalares, a pesquisadora Virgínia Schall apresentou o método Evidengue. Desenvolvido no Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas), o método ”mostra 100% de eficácia no controle a ovipostura de fêmeas adultas do mosquito transmissor, em recipientes caseiros como potes e vasos de flor”. A pesquisadora aponta que essas estruturas, entre elas pratos colocados como suporte para plantas, são os criadouros mais produtivos para larvas e pupas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor do vírus da dengue. Diante disso, foi desenvolvida pela pesquisadora e pela equipe do René Rachou a Evidengue, uma espécie de tela mosquiteiro que evita o depósito, pelas fêmeas, das novas larvas nesses locais.

A eficácia do aparato está sendo avaliada tanto em campo quanto em laboratório, local onde se mostrou 100% eficaz para vedar pratos e, assim, impedir a ovipostura de fêmeas adultas do mosquito nesse tipo de recipiente. “Está em andamento um estudo na Região Metropolitana de Belo Horizonte no qual as caixas d’água e os vasos estão sendo vedados com as capas e os índices larvares estão sendo acompanhados, para verificar a efetividade da proteção na diminuição do número de recipientes infestados pelos mosquitos na região”, aponta a pesquisadora, no artigo.

“Espera-se que desse desenvolvimento resulte uma tecnologia de envoltórios de tela de poliéster, com aplicação mais ampla em recipientes domiciliares de coleta e armazenamento de água, entre os quais as caixas d’água, tambores, baldes, piscinas etc”, afirma. “Podem ser feitos em diversas cores e representarem adornos nas residências, facilitando a sua adoção. Confeccionados em grande número, podem ter preços muito acessíveis para a população”, sugere.

Em uma outra publicação, a revista Cadernos de Saúde Pública, Virginia abordou a importância de difundir o conceito de vedar os recipientes com água em lugar de tampar, o que de fato pode prevenir a entrada dos mosquitos. Na mesma publicação, foi apresentado o conceito de proficiência de uso, que é usar a capa de modo correto, para que ela de fato vede o recipiente. Afinal, assim como cintos de segurança, capacetes de motos, camisinhas, o uso adequado é essencial para seu efeito preventivo.

Em outros estudos, a equipe do CPqRR vem demonstrando a importância do uso da capa associado ao ensino em sala de aula. Os alunos que recebem a capa, ao levarem-na para casa, falam sobre o que aprenderam e incentivam os pais ou responsáveis a usarem a evidengue para proteger seus vasos de planta.

http://www.fiocruz.br


Veja mais sobre dengue em http://portal.saude.gov.br/saude/

Transgênicos para fins medicinais

Embrapa desenvolve transgênicos com potencial para a medicina

Por Tereza Barbosa

Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com outros institutos de pesquisa do Brasil, Estados Unidos e Europa está trabalhando em uma pesquisa para desenvolver soja e tabaco transgênicos capazes de produzir em grande escala uma molécula com potencial medicinal, inclusive de combate ao câncer.

http://www.agenciabrasil.gov.br/?q=node/2550

Focas: sua assinatura pode ajudar no combate ao massacre



Manifeste sua indignação escrevendo para a embaixada canadense no Brasil e diretamente para o Parlamento Canadense:

Embaixada no Brasil:

e-mails:
Geral - brsla@international.gc.ca
Serviço Consular - brsla-cs@international.gc.ca

Parlamento Canadense:

e-mails:
Info geral: info@parl.gc.ca
Primeiro Ministro: Harper.S@parl.gc.ca
Senadora Céline Hervieux-Payette apoia o massacre: hervic@sen.parl.gc.ca

Abaixo segue carta enviada pelo Instituto Nina Rosa para a embaixada, Parlamento Canadense, Primeiro Ministro e Senadora Céline Hervieux-Payette que apoia o massacre.

Pode ser modelo para sua manifestação:

Gentlemen,

We are here to manifest our resentment and indignation caused by the provocative action of offering Seal’s corpses on the Canadian Parliament’s menu.

Seal hunting is a shame and a dishonor for the human beings, and should be banished instead of encouraged, especially by public authorities that should be a good example in Canada, in Brazil or anywhere in the planet.

To deceive the consumer’s consciousness about exploration and killing of helpless beings, and to put the commercial value above the right of living is an unworthy attitude that should be protested by anyone who desires to be in a more fair and pacific society.

Presidence
Instituto Nina Rosa – projetos por amor à vida
(projects for love of life)
www.institutoninarosa.org.br

Tradução da carta

Senhores,

Manifestamos nossa indignação pela atitude provocativa de oferecer cadáveres de focas no cardápio do restaurante do Parlamento Canadense.

A caça às focas é uma vergonha para a espécie humana. Deve ser banida e não incentivada, muito menos por autoridades públicas que deveriam servir de bom exemplo, seja no Canadá, no Brasil ou em qualquer lugar do Planeta.

Mascarar a consciência de consumidores sobre a exploração e assassinato de seres indefesos, e colocar o valor comercial acima do direito à vida é uma atitude indigna e deve ser contestada por todos os que desejam uma sociedade mais justa e pacífica.

Presidência
Instituto Nina Rosa – projetos por amor à vida
www.institutoninarosa.org.br

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mal de Parkinson

Reportagem de Luiz Carlos Azenha (http://www.viomundo.com.br/
Em tempo: o João poderia aproveitar a oportunidade e libertar os passarinhos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Dengue: vela ou “sapo” de andiroba


Por Luiz Roberto Barbosa Morais

A produção de óleo de andiroba é artesanal. Nas bacias de alumínio existem os chamados “sapos” utilizados na queima para espantar os insetos na floresta.
Na floresta amazônica é época de chuva e a umidade relativa do ar chega a 98% (Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC, Florianópolis-SC, julho/2006). É neste período que, especificamente na ilha do Marajó, os rios e lagos enchem os campos, ficam verdes, os frutos amadurecem e aparece uma enxurrada de mosquitos. São maruins (Culicoides paraensis), carapanãs (Aedes aegypti, Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi Root, 1926, Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis LynchArribalzaga, 1878, Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis Curry, 1932, Anopheles (Kerteszia) cruzi Dyar & Kanab, 1908, Anopheles (Kerteszia) bellator Dyar & Knab, 1908), entre outros insetos.
Em algumas localidades, mesmo durante o dia, temos que ficar embaixo de mosqueteiros, (tipo de cobertura de filó que colocamos nas redes para proteger-nos dos insetos e evitarmos as picadas dos mesmos).
Para diminuir o ataque destes insetos, os ribeirinhos queimam quase tudo – de esterco de búfalo a serragem. Porém o que mais diminui esta incidência de insetos é a queima do chamado “sapo” de andiroba que, embora produza uma fumaça de odor desagradável e forte devido à grande quantidade de óleo com ranço que este material possui, além da grande quantidade de dejetos de microorganismos, é a melhor solução que o homem da floresta tem ao alcance da mão.
Agora, também é a época de coletar frutos das andirobeiras e preparar para extrair o óleo de andiroba. Este óleo, extraído de forma artesanal, gera o resíduo que é queimado com a finalidade de espantar os insetos.
A indústria de óleos da Amazônia, Brasmazon, criada por mim e mais alguns sócios, em 1995, ao produzir óleo de andiroba em escala industrial, gerou um produto que passou a ser aproveitado na fabricação de vela de andiroba (tenho a patente, através do processo PI 9706610).
Estas velas chegaram a ser produzidas em larga escala pelo LAFEP, com as bênçãos do então ministro da Saúde José Serra para ser distribuído com a finalidade de auxiliar no combate à dengue – projeto este abandonado não se sabe ao certo por qual motivo (ver a revista IstoÉ, 30/01/2002*).
O doutor Lauro Barata, um dos maiores conhecedores de ativos da floresta e professor da Unicamp, publicou em 2002, um trabalho que isolava os ativos deste produto da andiroba, em “Estudo do resíduo industrial da extração do óleo de andiroba”.**, referendando, desta forma, o conhecimento popular transferido de geração em geração para caboclos como eu e muitos outros mais. Pergunto como caboclo e como químico: por que uma solução barata e de fácil acesso não esta sendo utilizada na prevenção da doença neste verão e nos verões passados?
Falta de informação? Só pode ser.
Hoje o quilograma do pó de andiroba para a vela custa R$ 4,00 para o consumidor final, podendo fazer até cinco kg de velas em casa mesmo – basta derreter a parafina e misturar ao pó de andiroba (20% é o suficiente), mexer por 15 minutos, filtrar em saco de coar café, colocar na fôrma de sua preferência ou em tubos de PVC com um pavio grosso que pode ser feito até mesmo de barbante ou pavios para velas “7 dias-7 noites” vendidos em casas de produtos artesanais (tome cuidado com cortinas e materiais inflamáveis quando está acabando de queimar esta vela, pois forma uma chama grande). O que sobra no saco de coar café pode ser acumulado para queimar fora de casa em fogareiros ou até mesmo churrasqueiras, antes ou depois da festa para afastar insetos, forma uma grande quantidade de fumaça.
Além disso, ao utilizar um produto deste você estará ajudando a preservar as andirobeiras da Amazônia – uma árvore produz de 50 a 200 kg de sementes por ano. Se as sementes não são compradas ao preço de R$ 250,00 a tonelada, estas árvores correm o risco de serem sacrificadas pelos ribeirinhos pela sua legítima necessidade de subsistência. A compra de velas aumentaria a demanda de sementes.
A vela feita com o óleo não tem uma fagorepelencia tão boa quanto da vela feita com fase sólida.
Atualmente, o pó de andiroba é vendido às empresas de produtos orgânicos ou utilizado nas lavouras contra formigas e fungos, tendo uma aceitação atual muito boa. Porém, fica novamente a pergunta: por que não evitar despesas, sofrimento e até mesmo morte com auxilio de um produto como esse?

* http://64.233.163.132/search?q=cache:TOcoLXU6ovUJ:www.istoe.com.br/conteudo/14453_LUTA%2BEM%2BNOME%2BDA%2BVIDA+Isto%C3%89+%E2%80%9CA+luta+contra+a+dengue+tamb%C3%A9m+%C3%A9+travada+na+Fiocruz&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Luta em nome da vida
A luta contra a dengue também é travada na Fiocruz. Far-Manguinhos desenvolveu uma vela feita com o bagaço da andiroba, planta amazônica que reduz entre 70% e 100% o apetite da fêmea do mosquito Aedes aegypti, responsável pela picada que transmite a doença. Far-Manguinhos licenciou dez laboratórios brasileiros para fabricar a vela, vendida entre R$ 2 e R$ 8. Mais um ponto para essa ilha de excelência”


** Adriano Martinez Basso, bolsista PIBIC/CNPq e o professor Dr. Lauro Euclides Soares Barata, orientador, Instituto de Química (IQ), Unicamp-SP.

Luiz Roberto Barbosa Morais nasceu em Belém (Pará), estudou engenharia e fez licenciatura em química. Pesquisa matéria-prima que tem potencial extrativista e pode ser aproveitada ou domesticada, com ênfase em matérias oleaginosas.

A Germinar revende as velas produzidas por www.curupiradaamazonia.com.br do autor da matéria (www.lojagerminar.com.br).
 
Prefeituras e governos interessados no combate à dengue:
- contato@curupiradaamazonia.com.br
- luizrobertomorais@superig.com.br

sexta-feira, 12 de março de 2010

FLORAIS DE BACH PARA ANIMAIS: GOTINHAS PARA EQUILIBRAR AS EMOÇÕES

Por Deolinda Eleutério*

O sistema Florais de Bach™ é composto por 38 essências extraídas de flores silvestres que possuem propriedades curativas. Foi criado em 1930 pelo médico inglês Edward Bach.

Os animais domésticos reagem emocionalmente às condições do ambiente, das pessoas, de outros animais. Distanciados de seu ambiente natural e há milhares de anos convivendo com os humanos, não raras vezes mostram sinais de desequilíbrio emocional. O objetivo da Terapia Floral é o equilíbrio das emoções.

ATENDIMENTO DA TERAPEUTA

É através da descrição que o dono faz do temperamento e comportamento de seu animal de estimação que a terapeuta pode identificar as emoções que o incomodam (medo, possessividade com o dono, dificuldade de aprendizagem, desânimo, impaciência, intolerância, hiperatividade, ciúmes, agressividade, tristeza, saudades etc.) e indicar as essências florais que irão ajudar a equilibrá-lo.

Uma fórmula de Florais de Bach pode conter até 6 essências colocadas num mesmo frasco conta-gotas de 30 ml e deve ser manipulada por uma Farmácia Homeopática ou de Manipulação. Uma fórmula com 6 essências custa cerca de 15 reais.

Alguns dados são necessários para a recomendação das essências adequadas:
idade e tempo que está com o dono; está esterilizado ou não; onde, como e com quem convive; como reage a pessoas e outros animais; estado de saúde - está tomando medicamentos ou passou por cirurgia...

OBSERVAÇÕES

- Florais não possuem componentes químicos e não têm contra-indicações.
- Outros animais podem tomar da mesma água.

* Florais tratam as emoções e não substituem o tratamento médico. Consulte sempre um(a) veterinário(a).

*Deolinda Eleutério é Terapeuta Holística CRT 26715-SP, formada pelo Instituto Bach em FLORAIS DE BACH EM ANIMAIS e realiza atendimentos gratuitos desde 2001 pelo email deolindaflorais@terra.com.br
Ativista em defesa dos Direitos Animais, desde 2004 organiza o site www.gatoverde.com.br.


Mais informações: http://www.floraisdebachparaanimais.blogspot.com/

Oficinas de Suco Vivo

A Comida Ecológica administra curso de nutrição do suco vivo, demonstração de todas as sete formas de fazer o suco vivo e ajuda você a criar um cardápio balanceado. Formato: conversas, explicações direcionadas e atendimento exclusivo. A palestra é realizada com degustação.
Tipo de oficinas: privadas (até três pessoas) ou em grupo (até 90 pessoas).
Informações: http://www.comidaecologica.com.br/oficinas_de_suco_vivo_.html

segunda-feira, 8 de março de 2010

Coloridas manhãs!

Paula Beiguelman e o Dia Internacional da Mulher

Paula Beiguelman
Intelectual brilhante, professora emérita da USP, autora dos livros “A Formação do Povo no Complexo Cafeeiro”, “A Crise do Escravismo e a Grande Imigração” e “Os Companheiros de São Paulo”, entre outros trabalhos. Nacionalista, indignada com o ex-professor da USP Fernando Henrique Cardoso e suas privatizações quando foi presidente, principalmente a entrega da Vale do Rio Doce. Menosprezava os que faziam da política uma profissão e gostava de reler, ao telefone, as matérias de Paulo Nogueira Batista Jr.
Neste 8 de março, minha homenagem é para você. Saudade!

8 de Março e as empregadas domésticas

Por Altamiro Borges

Neste 8 de março, milhares de protestos ocorrem no planeta para comemorar o centenário do Dia Internacional da Mulher. Apesar das controvérsias históricas, a instituição desta homenagem foi aprovada na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em agosto de 1910, proposta pelas comunistas Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alessandra Kollontai. A partir de então, ela passou a ser celebrada em datas distintas em cada país. A greve das tecelãs de São Petersburgo, em 8 de março de 1917, no clima da revolução russa, acabou unificando a data da homenagem.

Neste ano, as manifestações reafirmarão as bandeiras históricas do movimento feminista, contra a exploração de classe e a opressão de gênero. Também denunciarão as guerras imperialistas. No Brasil, os protestos serão focados na defesa no Plano Nacional de Direitos Humanos, que previa o direito ao aborto e foi alvo de brutal campanha das forças direitistas. Também será denunciada a violência contra as mulheres. Apesar dos avanços da Lei Maria da Penha, nove mulheres foram assassinadas no ano passado após registrarem ameaças de violência sexual e doméstica.

Pela valorização do trabalho da mulher

Como afirma a convocatória do protesto unitário de São Paulo, “voltamos a ocupar as ruas para comemorar o já conquistado, mas também para mostrar que a luta por autonomia, igualdade e direitos segue atual... Bandeiras históricas, como a socialização do trabalho doméstico, salário igual para trabalho igual, combate à violência, creches para todas as crianças e direito ao aborto, continuam na ordem do dia do nosso movimento. Seguimos batalhando para mostrar, a cada 8 de março, o quanto nossa sociedade ainda precisa avançar em relação aos direitos das mulheres”.

Um dos eixos do protesto será a luta pela valorização do trabalho. “Ainda hoje é desconsiderado economicamente o trabalho na esfera privada, que ocorre nos lares. Em média, a mulher trabalha 16 horas por dia; a maior parte não remunerada, outra parte, sub-remunerada. Mesmo com maior escolaridade, ela recebe em média 71% do salário masculino... Na crise econômica, as mulheres foram as mais atingidas, pois estão inseridas da forma mais precária no mercado de trabalho, predominando em profissões como empregadas domésticas e operadoras de telemarketing”.

Jornada semanal de 59 horas

Recente pesquisa do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Dieese) reforça este eixo central da luta das mulheres. Ela aponta que a jornada de trabalho das empregadas domésticas com carteira assinada atingiu até 54 horas semanais em 2009. Para as trabalhadoras informais, a jornada semanal média chega a 59 horas. O estudo também aponta que o serviço doméstico é a atividade com pior remuneração no país. A empregada doméstica recebe, em média, metade do valor pago às trabalhadoras do setor de serviços.

Segundo Patrícia Costa, economista do Dieese, houve tímido avanço neste setor nos últimos sete anos. O trabalho se formalizou, o que tem ajudado a melhorar as condições da profissão. A maior escolaridade e a abertura de vagas no comércio e serviços também fizeram com que o emprego doméstico deixasse de ser a porta de entrada no mundo do trabalho para as mulheres jovens. De acordo com a pesquisa, mais de 77% das mulheres que exercem a atividade têm de 25 a 49 anos.

Mesmo assim, a situação das empregadas domésticas continua sendo uma das mais degradantes, o que reafirma a importância dos combativos protestos em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Na luta contra a exploração de classe e a opressão de gênero reside a força e atualidade do movimento feminista. Como já ensinou Karl Marx, “a libertação da mulher é a condição para a libertação de toda a humanidade”. Viva o 8 de Março!http://www.altamiroborges.blogspot.com/

sexta-feira, 5 de março de 2010

Argila e sementes de maracujá para um bronzeamento por igual, entre outras dicas naturais

Para evitar desidratação
Nesta quinta-feira, por volta das 20h30, o canal Futura apresentou uma boa dica para sabermos quando estamos desidratados.
Recebemos informações cotidianas: tomar água e sucos naturais, comer frutas, não ingerir bebidas alcoólicas e evitar frituras, principalmente no verão.
A praia, principalmente lotada e com o sol ardendo, fica evidente que a grande maioria não leva muito a sério. Além de levar um isopor com latinhas de cerveja e refrigerantes, um dos primeiros pedidos a ser feito: “uma porção de pastéis” ou outro tipo de fritura.
A dica do canal Futura: quando estamos suados é só dar uma lambida neste suor. Caso esteja salgado, o organismo precisa repor o sal. Então é só comermos alguma coisa salgada – bolacha, azeitona...

Esfoliação com argila ou semente de maracujá para um bronzeado uniforme
Argila
Um dia antes de tomarmos sol e uma vez por semana:
- molhe o corpo e em seguida aplique a argila em movimentos suaves pelo corpo todo e o rosto. Peça ajuda para alguém, se for necessário, para aplicar e massagear as costas.
- deixe agir por 30 minutos.
- retire com água morna.
Para um completo relaxamento, passe óleo de castanha-do-pará ou outro de sua preferência.
A argila limpa profundamente a pele e retira as células mortas.

Sementes de maracujá
Para evitar desperdício e aproveitar a fruta:
Dois maracujás batidos no liquidificador no modo “pulsar”. Isto é, coloque a polpa com as sementes, aperte o “pulsar” e solte rapidamente. As sementes estarão totalmente separadas da polpa. Coe e separe as sementes.
Com a polpa faça seu suco ou o doce de sua preferência.
Sementes:
- triture as sementes no liquidificador com meio copo de água mineral.
- com o corpo molhado, passe com as mãos e vá massageando suavemente pelo corpo e rosto.
- deixe agir por alguns minutos.
- em seguida, retire com água morna.

O sol para a saúde
O chamado sol frio – assim que nasce e antes que esquente – é o melhor tratamento natural da pele. Indígenas e nativos do Norte e Nordeste sabem disto.
É comum, assim que nasce o bebê, levar o mesmo para tomar alguns minutos (de 5 a 20 minutos) de sol, principalmente nos pés e nas mãos.
É muito difícil encontrar problemas de pele nestas regiões.

Os bronzeadores e protetores que mancham a pele

Praticamente em todos eles, em “modo de usar”, está escrito: passe 30 minutos antes da exposição solar.

terça-feira, 2 de março de 2010

Olhar Escrito – novo blog de Adriana Gragnani e Sérgio Mudado

 
Adriana Gragnani, do blog http://www.asgavetas.blogspot.com/, paulistana da gema, e Sérgio Mudado, mineiro de Belo Horizonte, estão com um novo blog na praça – http://www.olharescrito.blogspot.com/
Eles se conheceram em uma sala de bate-papo na internet, em 1998. Participaram como colaboradores da primeira revista literária produzida no espaço O Caixote http://www.ocaixote.com.br/  – um baú de ossos de “coisas já publicadas e sem nenhum critério editorial de escolha a não ser o afeto, a amizade, o tempo e os ossos do ofício”.
Abaixo um conto de Adriana para a revista O Caixote.

Um cataplar d´água
Tive notícias de que nas justas quatro horas e cincoenta e cinco minutos do dia de ontem, involuntariamente os olhos de Chico se abriram. Foi um sabiá na janela que piava a ida da noite. Era de conhecimento que Chico havia anunciado aos pássaros: piem, piem, mas não passem antes das cinco!
Nosso amigo levantou com vontade de dar murros ao vento, com vontade de cataplar na poça para fazer chuá.
Depois das passadas de pássaros, em miudezas de tempo, me disse, ouviu o galo, outro galo, e finalmente o cachorro Plá da sua vizinha, a Dona Aninha.
Dona Aninha é pessoa muito boa, mas devo confessar, de alguma estranhice também. Aprecia usar de minuciosas sílabas para apelidar tudo que vive na terra. Plá é o cachorro, a gata é Fli. Ela mesma já disse que não se chama Aninha, é só Nhá. E me chama de Nan! Chico, então! Chico é Bir, o Bir que sonha em cataplar poças d´água.
Bir, estranhado pelo canto por demasiado cedo, enfurecido já ia arremessar seu sapato pela janela. Todo genioso, ele, desde quando infantil ainda.
Me disse o Bir que recuou, covardou quando sentiu um aroma que chegava de manso pela janela. Sossegou o pito, torceu a vontade de esmurrar o vento e saiu, cataplando a poça d’água de fronte à sua casa, lá existente desde o penúltimo verão.
Ele disse ter ouvido: “É o Bir!!! É o Bir!!!”, vindo da casa de Dona Nhá, de onde vinha, também, o cheiro do café acabado de ser torrado.
Ele me contou que se sentiu esfumaçado e sem vontade. Não quis tomar o café. Sentou-se onde eu o encontrei às sete horas da noite. Bir estava sentado na cadeira embaixo da jabuticabeira.
Passou o dia inteiro apostando corrida com sementes da fruta. E me disse que cataplou muitas delas na poça d’água, podendo-se considerar um vencedor!
Foi assim que encontrei Bir.
“Que os raios de luar o iluminem e protejam. Se assim não for, quem por nós olhará?” Saudei-o assim para que me olhasse sem pasmo.
Fui embora pensando... mania de fazer chuá o Chico sempre teve.
Desde menino quando queria enfiar-se em rios e córregos.
Depois inventou de desenhar em muros da cidade usando sua parte mais pudenta. Os desenhos, assim bem ligeiros, desapareciam com o calor. Chico não devotava atenção e seguia, desimportado.
Adiantou na idade, avançou e na mocidade imaginou entrar na Marinha. Mas Ermelindo noticiou barbaridades de rigor e momentos medidos. Desistiu, mudou de direção.
Sossegou o facho quando conheceu Vandelana. Fazia recusa de conselhos, sempre afastado com a namorada. Só dizia que construíam barcos e que eram azuis, que tinham cores de água. A fábrica de barcos afundou com o fim do amor.
Mas a vocação de chuá continuou.
Ocasião houve, até, muito distante a ocorrência, que se ofereceu ao pároco para ajudar nos santos serviços. Durou pouco o ajutório. Durou até o dia que o encontraram a coletar água da chuva com a pia batismal. Foi um alvoroço! O povo se dividiu! Uns queriam a pia como fonte na praça do coreto, outros que voltasse ao buraco que restou aberto no chão da sacristia.
Para resolver o embate e trazer calma à cidade, organizou, Chico, um torneio de engolir botão de roupa sem beber água. Quem conseguisse engolir três botões de formato de pérola – aqueles que enfeitaram um dia o vestido de sua falecida mãe, Mélia, no seu casamento – escolheria o lugar da pia.
Chegado o dia, Chico não encontrou os botões. Estavam guardados numa meia de algodão, cinza, muito velha. Um rato deve ter comido a ponta por onde escapuliram. Emburrou, o Chico. Não marcou novo torneio. Birrento, birrento, birrento, gritava o povo, birrento, o Chico!
Magoou-se, então, com a multidão. Isso Dona Aninha conta. Foi ela convocada para ser juíza da competição. Daí nasceu o Bir, o Chico Bir que todos conhecem.
Mas esse gosto, a vontade de cataplatamento de poças d’água, que deixa Mané, seu mano, preocupado, ninguém sabe. De onde vem essa vontade? É de longe que ela vem?
Me aflito em pensar que Chico Bir possa perder a lua de rumo; ficar assim quase amuado como a vaca Ló quando seu último bezerro se foi em brejo para nunca mais voltar.
Conheço desde tempos o Bir, e para mim sempre foi mesmo diferente. Na passada da última lua cheia, todo o céu bem varrido – só de luz que ficou o firmamento! – fomos remar no rio. Chico pôs o pé no bote e avisou que iria dormir, não queria ver os bichos na margem, prontos a comer a água e tudo o mais que nela navegasse. Bobo, ele! Não eram bichos, era a mata brilhosa com o brilho roubado da lua, enfeitando seus galhos e ramagens com a pintura do luar.
Naquele balouço gostoso das águas, de pôr em manso os sentimentos, Chico acordou agitado, dizendo estar com um desconforto que se pregou na cachola, afastando os sonhos. Queria estar na terra, com os pés bem sentidos no chão, de deixar marcas de dedo e calcanhar. Não se atentou para as horas, nem se preocupou com a surucucu dourada. Chico Bir pulou no rio, aparecendo, tempos depois, todo despenteado, agarrado na última nogueira, acenando para mim, com jeito de deboche, Fiquei só no barco, deixei ir pela corrente. Mas quando cheguei no porto, Bir tava já sentado à minha espera.
Me deu um beijo que até foi bom. Os lábios ficaram quentes, incandesceram. Até gostei e queria mais... Mas qual! Virou as costas e se embrenhou no mato.
Só o encontrei duas semanas depois.
Chorava, como muitos, a partida de Lori e toda a turma do circo que comandava. Bir sussurrou para mim: “Eu queria ficar com o circo! Bem lá no picadeiro, olhando para cima, me zonzeando com os gomos da lona”. E depois, me sussurrou: “São doces as ancas da Lori! Eu queria tanto cataplar poças d’água, Nan, ai... como queria!”
Mané, o mano, me disse que choramingo assim só tinha visto quando Chico brigou com Vandelana.
Aí eu chorei, de fazer fungar nariz. Por que o Chico Bir não ia? Porque não. Porque ele só queria fraco, não era forte sua vontade. Também não sabia se era isso, pois o não entendimento era meu. Mas se me desse de ser um pássaro, eu entraria pela janela de Chico Bir, sem pio, sem vento, para pousar meu olhar no seu dormir. Quem sabe um entreaberto de olho, de sono pouco calmo, me revelasse sua alma, me desse o caminho de saber sua vontade de cataplar poças d’água?
Fiquei acabrunhada, por dias, com a tristeza do Chico. Comecei a passear pela cidade, sem querer prosa, folguedo, algazarra de criança... Nem pegar manga me atrevia.
Dona Aninha bem que viu os meus internos sentimentos. Num dia, sentada na cadeira que botava na calçada todas as tardes, me chamou. Estava ela com aquele chapéu de abas largas que encobria um pouco seus olhos, fazendo a imaginação acreditar em mistérios de vida. A bem dizer, era a mais antiga moradora da cidade, a madrinha de gentes e gentes.
“Dona Nhá, sempre firme?”
“Firme, como, Nan? Firme é a árvore que balança no vento e continua em pé. Eu já me sento todas as tardes, minhas pernas descansam dobradas.”
Dona Aninha foi logo dizendo, assim diretamente e sem remendos de caminho, que me achava bastante crescida, me achava uma mulher em ponto de fazer mais que dar beijo corrido. Não entendia, ela, porque não juntava eu o corpo com alguém, tão bom era!
Desconsertei com o jeito do assunto, eu que sempre via a Dona Aninha como anja, sei lá, quase uma estátua de formatação toda completa, como sem andanças novas de idéia, só fazendo o nhenhenhem daquela parte da vida que eu conseguia enxergar, o café, o pão, a reza.
“Dona Aninha, só junto o corpo quando eu amar alguém”, respondi, breve e seca.
“Ora, Nan, vá cataplar poças d’água com o Bir!”
Fiquei de graça escorregada; com cara de ora-veja. Aquilo era conselho de Dona Aninha ou estaria ela rindo de minha querença, de meu sonho? Ah... se Dona Aninha soubesse que tudo que queria naquele instante era saber do cataplatamento de Chico Bir!
“Dona Aninha, sei lá o que seja isso, minhas idéias se perdem no destino do descobrimento.”
“Nan, corra as águas, todas as águas de sua atenção.”
Saí mais abatida... Quais as águas que conheço? As da chuva, do rio, da lágrima, as do poço, da cisterna... Ia andando pensativa e nem vi o Chico Bir na minha frente.
“Ô Nan! Cuidado! Assim você me derruba. Se caio, levo você junto ao chão.”
“Sabe Bir, troquei uns leros com a Dona Aninha. Ela me disse uma coisa que descompreendi, tão sábia ela é e me deixou sem precisão de certeza. Me palavreie umas idéias...”
“Você sabe que desconverso, Nan. Tenho teima em não falar muito.”
“Bir, por que Vandelana sumiu?”
“Nan, conversa mole, a sua.”
“Diga para mim, diga!”
“Ela não queira ver as águas. Me ajudava nos barcos, mas nem um túnel conheci, ela não deixou.”
Pensei comigo que a conversa seria mesmo difícil. Barcos andam sobre as águas, se deixam ver e se guiam pelo visto, de farol, farolete, posição de estrela no céu, por que andar de túnel?
“Bir, não entendi.”
“Deixa pra lá, Nan.”
“Chico, por que você não foi com a Lori?”
“Não interessa!”
“Chico, você me aprecia um tico?”
“Nan, você está como caracol! Toda de cautela e duvidenta!”
“Bir, me vou.”
Andei pra longe, me queria sozinha. Me encontrei na velha nogueira, deitei no chão e finquei as vistas no céu. Ele estava azul clarinho! Parecia o manto pintado da minha Santinha, Ave Maria. Será que ela nunca juntou corpo com alguém? Me dá uma quentura quando penso nisso! Vai descendo descontrolada até estourar no entremeio das pernas. E se passo as mãos no seio, piora tudo, então! Parecia que tava com bicho-de-pé na cachola e alguém... foi Dona Aninha! Foi Dona Aninha que roçou minha cachola! Fui ficando lá mansinha, dormente. Me marolando com a esquisitice da Dona Aninha, deixando o ouvido aberto para o som do rio, sossegando o corpo com a proteção da árvore.
“Nan! Acorda Nan!”
Levei um susto, o céu vermelhara já e Chico Bir me sacudia!
“Ô Bir, adormeci, nem reparei.”
“Nan, me ponho no chão com você, não se levante.”
Eu fiquei, fiquei olhando Bir deitar, olhar para o céu e dizer:
“Esses pássaros passam quando querem.”
“Bir, parece que não gosta de pássaro!”
“Nada, Nan. Gosto, sim. Fico até de alegre quando eles beijam a água para perder a sede.”
“Ah... cataplar sementes na água, pássaro beijar água, não entendo Bir, suas vontades.”
“Nan, é uma querença tão aguda de penetrar pelos túneis, de experimentar líquidos e derramar outros. Cataplafo em poças, mas é simples desejo do corpo que se esvai pelos pés. Me resto não-pleno, sinto até raiva.”
“Você já cataplou um túnel?”
“Tentei, fugiu de mim a vontade, porque só minha ela era.”
“Bir, você é tão mistérios... fico até quebrantada!”
“Nan, você me põe em tempo de querer.”
“Querer... Bir! Como seria bom!”
Bir veio para mim cantarolando – mar de águas, suas águas encobertas pela anágua, mar de águas, nossas águas catapladas em poças d’água...
Fui achando gostoso o canto e me abrindo, minha boca, meus entremeios, minhas pernas, profundos túneis de águas sem fim, quentes fios de rio, porejando pelos corpos... Nem pensava em nada, só de água me sentia.
Beijou-me Bir meus líquidos, minhas águas, explorou todos meus túneis, que nem eu mesma conhecia. Beijei-lhe todo, conheci-lhe suas poças, suas dobras; nem tempo corria ali, nem quando por lá um sabiá parou, bicou de umas aguinhas, piou, se despedindo, já que era chegado o tempo da noite.