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sábado, 31 de outubro de 2009

10 anos sem Nise da Silveira. Uma psiquiatra gateira



"Eu poderia ter feito um livro que acentuasse mais as maldades que as pessoas fazem com os animais. Mas a tristeza não acrescenta muito"
Nasceu em Maceió e formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Era a única aluna, em uma turma com 156 homens. Em 1933, após ser aprovada em um concurso de psiquiatria, começa a trabalhar no Hospital da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Em 1936, em função de uma denúncia por posse de livros marxistas, fica presa durante 18 meses.
Neste período, também estava no mesmo presídio Graciliano Ramos. Nise da Silveira torna-se uma das personagens de Memória do Cárcere.
Mas é no campo na psiquiatria que está a sua revolução. “Quando a psiquiatra Nise da Silveira criou o Serviço de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio, em 1946, os maiores avanços da psiquiatria mundial ainda eram a lobotomia, que surgiu durante o salazarismo em Portugal, e o eletrochoque, inventado na Itália fascista”.

Emoção num pedaço de veludo
Trecho de “Gatos, a emoção de lidar”
"Entre 1946-1974 dirigi a seção de terapêutica ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II. Optei por utilizar como método a terapia ocupacional, método considerado de importância menor e até mesmo subalterno. Contudo, minha intenção era reformá-lo completamente. (...) Para nós faltava-lhe algo, faltava-lhe emoção.
Foi quando certo dia um rapaz freqüentador da Terapia Ocupacional, em vez de entrar numa das salas de trabalhos masculinos preferiu entrar na sala de atividades femininas atraído pelas qualidades latentes que pressentia existirem num pedaço de veludo estendido sobre a mesa da sala. Dirigiu-se à monitora Maria Abdo e perguntou: 'Posso com este pano fazer um gato?' (...)
Completado o gato, Luis Carlos tomou um lápis e escreveu:
'Gato simplesmente angorá do mato
Azul olhos nariz cinza
Gato marrom
Orelha castanho macho
Agora rapidez
Emoção de lidar'

Trecho da entrevista à revista “Época”
Época: Por que sua admiração pelos gatos?
Nise da Silveira: Cultivo muito a independência. Por isso gosto do gato. Muita gente não gosta pela liberdade de que ele precisa para viver. No circo você vê tigre e urso, mas não vê um gato. O gato é altivo, e o ser humano não gosta de quem é altivo.

Época: A senhora foi pioneira no uso de animais no tratamento de doentes mentais, hoje muito mais usado na Europa que no Brasil. A psiquiatria avançou bastante aqui?
Nise: A introdução de animais como co-terapeutas foi o que em minha vida mais me fez sofrer. Fui ridicularizada. De modo que me liguei muito a outros países onde a psiquiatria era mais desenvolvida. Há várias correntes de tratamento, muitas hoje eu nem conheço. Mas não houve um grande avanço. Ainda se confia muito no remédio. Remédio não me parece muito eficiente. Pode ter efeito paliativo, mas não curativo. Confio mais no afeto e na ação curativa da alegria.

Época: A senhora chegou a ser presa como comunista, no Estado Novo. Hoje, como a senhora vê o mundo?
Nise: Felizmente fui presa no tempo do Getúlio. Se fosse no do Médici, eu não estaria aqui falando com vocês. O domínio do capitalismo parece que não está trazendo nada de muito bom. Também o comunismo teve suas grandes falhas, que são da natureza humana.

Época: A senhora ainda acredita em utopias?
Nise: Não. Desejo um mundo socialista, justo, mas não vejo como poderia se realizar. Quem dera o mundo fosse bom, mas não é. O que há, ainda, são pessoas boas, como o Betinho, que lutou até o último momento.

Museu de Imagens do Consciente
História
O Museu de Imagens do Inconsciente teve origem nos ateliês de pintura e de modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional, organizada por Nise da Silveira em 1946, no Centro Psiquiátrico Pedro II. Aconteceu que a produção desses ateliês foi tão abundante e revelou-se de tão grande interesse científico e utilidade no tratamento psiquiátrico que pintura e modelagem assumiram posição peculiar.
http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/


PRECONCEITOS
Algumas coisas esquisitas estão acontecendo, além de morar em uma cidade do porte de São Paulo. Por exemplo: ter um governador do PSDB e um prefeito do DEM”o” é a lama, como diz o bom baiano.
Proibir alguém fumar em bares e restaurantes (já havia lugares próprios para fumantes) parece que despertou o instinto reacionário embutido em toda a província.
O caso na Uniban demonstra que a juventude preconceituosa do local é capaz de gerar outro movimento atrasado: mulheres não podem usar saias curtas; homens não podem sair sem camisa.
Não é a toa que o estado promove rodeios; não tem nenhuma preocupação com o meio ambiente – vide as praias em períodos de temporadas; tem um dos piores índices mundiais em leitura; o maior subserviente dos Estados Unidos nas Américas e Caribe, além de toda Europa – admira de joelhos locais como a Daslu, usa e abusa de palavras como delivery e possui a maior cadeia de lojas do mundo: “Sale”.
Mulheres! Cuidado com as pedras.